domingo, 16 de agosto de 2009

Intimidades

As rugas pareciam caminhos de um mapa de outrora, desenhavam destinos. Rios já secos. Antigos. Experiências incontáveis, recheadas de passado desaguavam em pequenos lagos de águas paradas por sensações profundamente vividas. Tempo de antes ainda presente. Momentos gastos em sorrisos, guardados numa gaveta melancólica, a terceira a contar de cima, a dos segredos revisitados, numa partilha quase romântica com os postais de uma existência completa, inteira, amarelados e marcados pelas traças.
Carregados de vida vivida, os dedos, dela e dele entrelaçavam-se pelos salientes nós da experiência, moviam-se com a subtileza de um amor que nunca havia de partir, num afago de indelével ternura. Pássaros de asas cansadas carregam no voar o orgulho de muitas travessias. As duas margens de um rio. Imagens simples de cores comuns. Relatos soltos de um todo vivido até ao tutano.
Depois da vida não há margens, é tudo água do rio.

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