domingo, 16 de agosto de 2009

Sem sono

Temos andado desencontrados. Deito-me e não te encontro, já não me tomas nos teus braços com tão bem sabias e fazias. As ideias evadem-me o raciocínio enquanto aguardo a tua chegada. Enervo-me pela espera que tarda. Estou cansado mas pareces não ligar e arremessas-me com a indiferença marcada pela tua ausência.
Há subtis instantes, perdidos por entre os momentos, em que me deixo ir na sedutora fantasia do tempo sem brisa nem movimento, que alimentam um fim trágico de grandioso desespero. À noite tudo é e parece ser mais sombrio, até o silêncio fere por emanar tanta quietude. Ouço o meu pensamento com uma nitidez alarmante, razões atrás de razões num alvoroço sem igual, mas no fundo, bem fundo, junto á baía do meu sentir as águas respeitam as margens sem alterarem a suavidade do seu curso. Tudo parece normal se acreditarmos que a normalidade existe.
Sou um homem só. Tornei-me assim e temo partir deste modo, agarrado ao vazio que criei na minha ambígua forma de aceitar o inevitável. Não culpo nada nem ninguém. Os passos foram meus, dei-os todos de livre arbítrio intacto e retorno da causa/efeito é em absoluto da minha responsabilidade.
Gostava de ainda ter tempo, apagar e reescrever-me de novo. Quem sabe, aprender a perdoar-me, afinal tenho sempre perdoado a quem, de alguma forma, violou as emoções que dão alma ao corpo com que percorro o caminho.
Sinto-te agora mais perto de mim. Terás sentido a falta de partilhar a mesma almofada ou simplesmente vontade de me sentires embalado em ti. Pouco importa. Abraça-me, deixa-me repousar em ti como dantes, quando dormia a sorrir sem o saber e acordava a sorrir sem tu o saberes.

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