quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Arco- Íris

Nas madrugadas do meu acordar, encontro sempre cheiros que não estão presentes em mais momento algum da minha vida. A forma como eu e o dia despertamos, descobrindo aos poucos íntimos pormenores em cada um, oferece-me aromas que transbordam de originalidade, recriando o dia que vou ter em sublimes sentires. O meu olfacto absorve-os com toda a vontade que me corre nas veias de caminhos sinuosos, mas carregados do Peter Pan que eternamente viverá em mim. As fragrâncias são o carrossel da minha vida, onde cada cheiro é um cavalinho que procuro montar, despindo o preconceito de ter um favorito, os seus trotes são únicos e indispensáveis. Sou feito de uma mescla diária de mortes e nascimentos, em todos esses momentos há um odor presente que me marca fundo, libertando vontades e valores que vou largando pelo caminho como pequenos pedaços de pão. Apesar de conhecer o percurso de regresso, posso nunca querer mais regressar, e, assim deixei as marcas para quem não saiba e queira. Os perfumes misturam-se com o meu sangue, suam os poros quando me afadigo e liberto o que sou. Aromas vários, giram constantemente em meu redor, oxigenam-me a alma curando marcas que as vicissitudes carimbaram. Não tenho nenhuma essência preferida. Cada uma tem o seu espaço, cada uma tem seu momento. Quando partir, deixo um arco-íris de fragrâncias, cheiros e odores… no que pensei, fiz, escrevi e fui.

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