quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Pormenores

Os pormenores sempre me deslumbraram. Procuro-os por todo o lado. Neles consigo encontrar o caminho para o cerne do todo. Compreender quem sou. Tudo na minha vida é feito de pormenores. Cada um pode mudar um momento, criar uma situação, fazer nascer um sentir. Pode moldar uma expressão, gerir um comportamento, modificar uma vida. Acredito que tudo o em nosso redor é composto de pormenores. Uns são mais relevantes que outros, mas todos têm a sua importância. Nenhum deve ser desdenhado, nem posto de parte. Nos locais por onde passo, nas expressões onde o meu olhar pousa, nos objectos que toco e nas palavras que expresso, encontro a fragrância dos mais ínfimos pormenores. Nesses momentos, com a emoção sempre presente, sinto-me vivo Sempre defendi a emoção em detrimento da razão. Toda a emoção é fundamentada no delicado perfume do pormenor, que mergulhado no inconsciente nos permite intuir. A emoção é o sangue que nos corre nas veias, o pulsar de cada sensação, a magia daquilo que realmente somos. É a emoção que nos torna únicos e nos ajuda a perceber as diferenças. Nunca respeitei a razão. Acho-a sem personalidade, desprovida de carácter. Não tem toque nem cheiro, é bacoca e pouco imaginativa. A razão não tem pormenores, é compacta e estanque como um paralelepípedo. Dura e contínua, começa onde acaba, isenta de princípio ou fim. Não a sinto humana, pois a sua lógica retira-lhe toda a espontaneidade. A sua lógica é fundamentada no vazio, instiga o nada. Com a razão nascemos e morremos iguais. Não somos, parecemos apenas ser. E aqui voltamos ao pormenor, personagem subtil, que alimenta a intuição, e, leva-nos ao âmago da emoção. Afinal qual é a razão deste texto? Nenhuma! É pura emoção. Aqui não há lógica. É o sentir na sua mais pura forma, sem receio de qualquer ordem. E, por isso, a sua leitura só pode ser compreendida por quem percebe e intui o pormenor.

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