quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Mãe

Encontro-a em mim. Leio-a de cor. Percebo-a. Sinto-lhe o pulso com a mesma naturalidade com que respiro. Das suas entranhas fiz-me homem, entre sorrisos e lágrimas, alegrias e castigos. Conheço-a como poucos sonham. É minha na nossa fragilidade e na grandeza ultrapassa a banal e corriqueira lógica. Tem uma forma única de discernir o justo do injusto, muito para além do trivial. A minha mortalidade está directamente ligada à sua existência. A invisibilidade do cordão umbilical é apenas uma incapacidade dos outros, pois ele vive presente em todos os momentos da nossa existência. Para mim está lá tudo. Na palavra mais vulgar ao conselho mais sábio, no sorriso que nasce apenas para o meu olhar ao que se perde na multidão, do gesto rotineiro ao grito de invulgaridade, da expressão já muita vezes repetida à que apenas pouco podem intuir. Vislumbro muito para além do que parece ser. Compreendo-a sem que a palavra ajude, leio-lhe o sentir, somos fruto da mesma árvore. No seu abraço encontro a nossa dor e a força que me faz correr. No seu beijo renasce toda a minha alma e rasgo os lábios num sorrir imenso. Há palavras que ainda não nasceram e só nelas poderei definir o sentimento que lhe tenho. É minha mãe! E quando um de nós partir, no outro ficará toda a essência que é só nossa, a imagem límpida de um amor sem som, o conceito único de apenas o silêncio pode abarcar. Acima dela apenas o sonho de um dia voltar a sê-la. Com inicio e sem fim!

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