quinta-feira, 13 de agosto de 2009

No escuro

Tenho palavras comigo que nunca viram a luz do dia. São palavras nocturnas. Por costume e tradição, acordam assim que o sol se põe. Nem uma réstia de luz lhes toca, mas brilham no seu contexto. Comovem a noite e o silêncio e tudo o que deles faz parte. Arrasam tudo o que as quer prender, atravessando-se no caminho. São palavras que se enroscam em mim, embalam-me nos seus sons imperceptíveis e na fantasia que oferecem elevam-me no doce turbilhão do sentimento, extravasando muito para além do homem que pareço ser, directas à percepção que vive entranhada no meu carácter, no espectro da minha essência, a parte mais profunda do meu ser. São estas palavras, assim quase pueris que me revelam, e dando a correcta imagem do meu sentir. Palavras da noite, mas repletas de uma luminosidade que tudo acorda, tudo transforma. Divina e sublime representação, de uma beleza interior perdida nos ruídos perturbadores do superficial. São o esplendor da vida.

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